sábado, 11 de julho de 2009

Duas mortes de gripe A no Brasil

O Estado de São Paulo informou ontem o primeiro óbito de paciente infectado por gripe suína, de uma menina de 11 anos que faleceu em Osasco (Grande São Paulo) no último dia 30 de junho. O registro eleva para dois o total de mortes no País - um caminhoneiro já havia morrido no Rio Grande do Sul. A criança e outras quatro pessoas próximas também contaminadas, mas que passam bem, são os primeiros casos no Brasil que não apresentaram até o momento vínculo com pessoas que contraíram o vírus A(H1N1) no exterior, o que se confirmado indicará que o agente causador da gripe suína já está circulando em cidades brasileiras.

"Ainda não sabemos onde essa criança se contaminou, estamos investigando", disse o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata. A pasta e o Ministério da Saúde destacaram, no entanto, que ainda mantêm a informação de que não há circulação livre do vírus nas cidades brasileiras, a chamada transmissão sustentada.

O governo federal enfatizou que, apesar dos dois óbitos, "a maioria absoluta das pessoas infectadas pela nova gripe manifesta sintomas leves, parecidos com os da gripe comum, e se recupera rapidamente". De acordo com a pasta, a letalidade no Brasil, de 0,19%, é bem inferior à média mundial de 0,45%.

Outros dois pacientes em estado grave estão internados em São Paulo. Também a secretaria de Minas Gerais confirmou um caso grave hospitalizado - as demais não têm informado esse detalhamento, disse ontem o ministério.

Além da origem da contaminação da menina, do seu irmão de 7 anos, do pai, da mãe e de uma outra criança próxima da família, as autoridades tentam compreender a evolução grave da paciente, que em menos de cinco horas morreu por septicemia (infecção generalizada), causada pela bactéria pneumococo. A principal hipótese é de que a gripe tenha afetado o sistema imunológico da criança facilitando a proliferação da bactéria. A pasta ainda investiga se a menina teve pneumonia.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, a criança não apresentou inicialmente os sintomas clássicos da nova gripe, mas apenas dores abdominais, vômitos e febre baixa. Os sintomas mais comuns da nova doença são febre súbita acima de 37,5°C, tosse ou dor de garganta, podendo ou não estar acompanhada de dores no corpo ou dificuldades para respirar.

No entanto, na data da morte, quando deu entrada na emergência do hospital privado Sino-Brasileiro, em Osasco, a criança tinha febre de 39°C, tosse, dor no corpo e vômito.

Barradas disse que a paciente esteve no local também um dia antes da morte, informação que foi negada pela unidade de saúde. O secretário, porém, eximiu o serviço de responsabilidades pela morte, apontando que seus médicos não teriam desconfiado de gripe suína por causa da ausência do quadro clássico e de vínculo com o exterior ou outros casos confirmados.

O secretário disse que o quadro da menina é raro e não deve gerar pânico. "É uma exceção excepcionalíssima. Os pais (de outras crianças) não devem ficar preocupados", disse Barradas, que afirma não ver necessidade de mudanças nas ações contra a doença.

A vigilância epidemiológica paulista soube do caso da menina porque seu irmão foi levado, após a morte da criança, ao Hospital Emílio Ribas, com sintomas clássicos de gripe. Durante a consulta, os profissionais souberam da morte da irmã. Assim, o Estado decidiu investigar o óbito e exames de sangue coletados após a morte da garota pelo Instituto Adolfo Lutz comprovaram a nova gripe.

Barradas chegou a relacionar a evolução rápida e grave do caso com o fato de a menina ter sofrido, aos 3 anos, de uma hantavirose, doença causada por um vírus transmitido por roedores - o que, disse, poderia ter afetado seu sistema imunológico.

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